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Produtos Seguro para executivos

Exclusões do D&O: os limites da proteção e a importância da transparência corporativa

Por: Mariana Miranda

No cenário corporativo moderno, a exposição de diretores e administradores a riscos jurídicos nunca foi tão alta. Embora o seguro D&O seja uma ferramenta valiosa de proteção, compreender as exclusões do D&O é fundamental para evitar surpresas. Este artigo explora os limites desta proteção e como a transparência corporativa pode mitigar riscos não cobertos.

Porém, é preciso compreender que essa proteção não é um salvo-conduto para atos ilícitos, mas sim um mecanismo para resguardar profissionais que atuam de boa fé.

Um exemplo emblemático ocorreu com a Embraer, que em 2016 enfrentou investigações internacionais por suspeitas de corrupção.

Embora o caso tenha envolvido falhas de transparência corporativa, a seguradora do D&O da empresa recusou parte das indenizações após comprovação de condutas irregulares (atos dolosos). Esse episódio ilustra um princípio básico: a cobertura para executivos existe para proteger erros honestos, nunca para blindar má-fé.

Continue em nossa companhia e explore como o seguro para administradores opera, suas garantias e, principalmente, as exclusões do D&O que limitam sua aplicação. Entender esses pontos é necessário para empresas que buscam equilíbrio entre transparência corporativa e mitigação de riscos!

O que é o Seguro D&O e o que ele cobre

O seguro de responsabilidade civil de diretores é desenhado para proteger o patrimônio pessoal de executivos contra reclamações decorrentes de decisões tomadas no exercício de suas funções, como ações judiciais movidas por acionistas, funcionários, clientes ou reguladores, que aleguem prejuízos causados por atos de gestão. Assim, o seguro para executivos abrange situações como:

  • erros não intencionais: decisões estratégicas que, com base nas informações disponíveis no momento, resultaram em perdas;
  • omissões ou negligência: falhas processuais, como a não divulgação de dados relevantes a investidores, desde que não haja intenção de ocultação;
  • custos de defesa: honorários advocatícios, despesas com perícias e até acordos extrajudiciais, desde que aprovados pela seguradora.

Além de conferir cobertura para executivos de forma individual, o D&O reforça a governança corporativa. Empresas que oferecem essa proteção atraem talentos qualificados, pois revelam compromisso em apoiar líderes que assumem riscos calculados em prol do crescimento do negócio.

Porém, a cobertura não é ilimitada. Seu principal objetivo é garantir que os administradores não sejam penalizados financeiramente por erros de julgamento, desde que agindo dentro da legalidade e da ética.

Principais exclusões do D&O que todo executivo deve conhecer

As apólices de seguro para administradores detalham em suas condições gerais situações explicitamente excluídas. Essas cláusulas são críticas para evitar abusos e preservar a integridade do contrato. Veja as principais exclusões do D&O:

Atos ilícitos dolosos ou culpa grave (EXC.1)

A cobertura para executivos não se aplica a reclamações derivadas de fraudes, simulações, lavagem de dinheiro ou enriquecimento ilícito, ou seja, atos dolosos. Por exemplo, se um diretor desviar recursos da empresa para benefício próprio, a seguradora não arcará com as indenizações.

A exclusão também se estende à culpa grave, equiparada ao dolo, como negligência extrema que cause danos irreparáveis.

Fatos pré-existentes ou em litígio (EXC.2)

Processos já conhecidos antes da contratação do seguro para executivos não são cobertos. Se uma empresa está sob investigação por irregularidades contábeis e omite essa informação ao contratar a apólice, eventuais condenações futuras relacionadas ao caso ficarão fora da proteção.

Multas e penalidades (EXC.12)

Sanções impostas por órgãos reguladores, como a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), só são cobertas se houver uma cláusula adicional específica. Isso evita que a seguradora seja responsável por infrações claras à legislação.

Danos materiais e morais (EXC.4)

Reclamações por danos físicos, perdas financeiras diretas ou ofensas à honra de terceiros exigem coberturas complementares.

Por exemplo, se um acidente ambiental causar prejuízos a comunidades locais, o D&O padrão não indenizará os afetados.

Decisões judiciais definitivas como gatilho

As exclusões do D&O só são aplicadas após confirmação judicial irrecorrível, confissão do segurado ou acordos homologados com órgãos governamentais (como delações premiadas).

Dessa forma, é possível proteger os executivos de alegações infundadas, garantindo que a seguradora analise provas concretas antes de negar indenizações.

A diferença entre atos dolosos e culposos

A distinção entre atos dolosos e culposos é um pilar central na compreensão das exclusões do D&O. A apólice exclui cobertura para “atos ilícitos dolosos ou culpa grave equiparável ao dolo” (Cláusula EXC.1). Mas o que isso significa na prática corporativa?

Atos culposos: erros de boa-fé

Os atos culposos são representados pelas ações ou omissões não intencionais, resultantes de:

  • negligência: falha em agir com a diligência esperada (por exemplo, diretor que não revisa relatórios críticos);
  • imperícia: falta de habilidade técnica (como erro em projeções financeiras por desconhecimento de normas contábeis);
  • imprudência: decisões arriscadas sem análise adequada (um exemplo é aprovar fusão sem due diligence completa).

Exemplo coberto

Um conselheiro que, por equívoco em interpretar regulamentos ambientais, autoriza uma operação que resulta em multa administrativa.

Desde que não haja má-fé, os custos de defesa (definidos como honorários advocatícios e despesas processuais) e possíveis indenizações seriam amparados pela apólice.

Atos dolosos: intenção de prejudicar

Os atos dolosos envolvem vontade consciente de violar direitos ou obter vantagem ilícita. “A garantia do seguro não se aplica […] a danos causados a terceiros decorram de atos ilícitos dolosos” (definição de “fato gerador”), de acordo com a Akad Seguros.

Exemplo excluído

Um diretor que desvia recursos da empresa para contas pessoais, caracterizando lavagem de dinheiro (citado na EXC.1).

Nesse caso, além de a seguradora recusar a cobertura para executivos, o próprio segurado poderá ter que reembolsar adiantamentos feitos pela seguradora.

Culpa grave: a zona cinzenta

A culpa grave, que é definida como “aquela que, por suas características, se equipara ao dolo”, é um conceito crítico.

Por exemplo: ignorar alertas repetidos do compliance sobre conflitos de interesse em contratos. Mesmo sem intenção direta de fraudar, a gravidade da omissão pode levar à exclusão da cobertura.

Por que isso importa?

Isso é importante para executivos porque eles entendem que a apólice não é um “seguro contra incompetência”. Decisões temerárias ou descaso com deveres fiduciários podem anular a proteção.

Já para as empresas, elas compreendem que políticas internas de governança e treinamentos são necessários para reduzir riscos de atos culposos graves.

O papel do questionário de risco e a responsabilidade da empresa

O questionário de risco (ou “Declarações do Segurado”) não é mera formalidade — é a espinha dorsal do contrato. Declarações inexatas podem levar à perda de direito à indenização.

O que deve ser declarado?

Há informações preciosas que não podem deixar de ser registradas no questionário da seguradora. São as seguintes:

  • processos judiciais pendentes: mesmo que não diretamente relacionados aos executivos (EXC.2);
  • mudanças estruturais: fusões, aquisições ou alterações societárias;
  • investigações regulatórias: inquéritos da CVM, Receita Federal ou outros órgãos (EXC.2).

Como evitar erros?

Para que o segurado não incorra em erros no preenchimento do formulário de seguro para executivos, ele deve ficar atento aos aspectos abaixo:

  • triangulação de dados: jurídico, compliance e RH devem validar as respostas;
  • cláusula de atualização contínua: comunicação imediata de mudanças no risco (por exemplo, se a empresa for alvo de uma operação da Polícia Federal, isso deve ser relatado antes de virar uma reclamação formal);
  • documentação comprobatória: anexar pareceres técnicos ou decisões judiciais que sustentem as declarações.

Consequências da má-fé

Além da perda de cobertura, o tomador pode ser obrigado a pagar diferenças de prêmio retroativas.

Superando as exclusões do D&O através da transparência corporativa

A transparência corporativa não é só uma obrigação – é um ativo estratégico. A Akad Seguros reforça isso em múltiplas cláusulas de seu contrato. Os benefícios tangíveis são:

  • cobertura ampliada: empresas que compartilham dados detalhados podem negociar Limites Máximos de Garantia (LMG) mais altos;
  • menos exclusões do D&O: seguradoras tendem a flexibilizar cláusulas restritivas para organizações com histórico de transparência corporativa;
  • resposta a crises ágil: notificar potenciais sinistros permite que a seguradora atue preventivamente, reduzindo custos.

Transparência vs. confidencialidade

O equilíbrio é fundamental. Informações sensíveis podem ser compartilhadas sob sigilo, desde que comunicadas à seguradora. Confira alguns situações;

  • dados financeiros restritos: balanços não públicos podem ser enviados diretamente ao time de subscrição;
  • acordos de confidencialidade: cláusulas específicas no contrato protegem informações estratégicas;
  • risco da opacidade: se a empresa esconder uma investigação da SEC (mesmo em fase preliminar), a seguradora pode invocar a exclusão (reclamações nos EUA) para negar cobertura para executivos.

A SEC (Securities and Exchange Commission) é uma agência governamental dos Estados Unidos responsável por regular o mercado de capitais e proteger os investidores.

Ainda que não atue diretamente no Brasil, sua influência pode ser sentida em transações internacionais envolvendo empresas brasileiras que negociam ações nos EUA ou que têm investidores americanos.

Para finalizar, afirmamos que o seguro para administradores é um aliado valioso para executivos e empresas que desejam fortalecer sua governança corporativa e proteger sua liderança contra riscos. Contudo, é imprescindível que sua contratação seja acompanhada de uma postura ética e transparente. As exclusões do D&O reforçam que o seguro é um suporte para erros de boa-fé e não um escudo para práticas ilegais.

Ao envolver especialistas, como corretores e áreas técnicas, no processo de contratação, empresas garantem melhores condições e maior eficácia na proteção. Transparência, responsabilidade e boas práticas tornam o D&O peça-chave de uma gestão bem-sucedida.

Em um cenário de crescentes demandas por ESG (Environmental, Social, Governance), o seguro para executivos deixa de ser um custo para se tornar um diferencial competitivo. Empresas que dominam suas nuances se protegem e projetam solidez e credibilidade – moedas valiosas em qualquer mercado.

Quer entender mais sobre como proteger sua liderança com o seguro D&O? Acompanhe nossos conteúdos no blog e siga a Akad nas redes sociais: Facebook, Instagram, Youtube e LinkedIn!